Uma noite fria de inverno

Eu já sabia o que você iria dizer quando recebi a sua mensagem. Pedi para você ir me ver, porque não poderíamos terminar daquele jeito. Enquanto estava a te esperar, a dor e a saudade aproximaram-se. Não pude aguentar a angústia. Peguei o casaco. Saí para caminhar naquela noite fria de inverno. Fazia 5°C e meus passos eram largos. O coração estava tão acelerado que não sentia frio. O ar parecia fumaça cada vez que eu respirava. As lágrimas já saiam frias dos meus olhos. Aqueles poucos minutos me pareceram uma eternidade. Então, você chegou. Ao mesmo tempo em que eu queria desesperadamente que você chegasse, eu sabia a dor que você traria ao chegar. Respirei fundo e entrei no carro. Você me olhou daquele jeito que sempre me olhava quando queria dizer alguma coisa e eu não consegui me controlar. Antes que começássemos a falar, comecei a chorar. Você segurou a minha mão. Disse que eu sabia que aquilo era o melhor a ser feito. Para nós dois. Afinal, ambos queríamos coisas diferentes da vida. Eu sabia. Alguma parte de mim sabia. Você disse que estávamos indo longe demais. Perguntei se já não era tarde para aquilo. Perguntei se você já havia apagado todas as nossas memórias. Perguntei onde eu havia errado. Sim! Eu havia errado em algum momento. Mas eu não fazia ideia. Enquanto você continuava a me olhar. Eu falei sobre o meu coração inseguro. E errante. Perguntei se você lembrava do motivo de ter me amado. Você lembrava? Como havíamos chegado até ali? Mas você não respondeu. Eu soluçava por uma resposta. E você apenas segurava a minha mão e já sequer me olhava. Soltei suas mãos, abri a porta e esperei ansiosamente que você também saísse atrás de mim. Mas você apenas foi embora, sem dizer, sequer, uma palavra.

Inspirado na música Don´t You Remember, Adele