“Chorai com os que choram”
“Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.
Porque pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não tenha de si mesmo mais alto conceito do que convém; mas que pense de si sobriamente, conforme a medida da fé que Deus, repartiu a cada um.
Pois assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma função, assim nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e individualmente uns dos outros.
De modo que, tendo diferentes dons segundo a graça que nos foi dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com zelo; o que usa de misericórdia, com alegria. O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem.
Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros; não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor; alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;
acudi aos santos nas suas necessidades, exercei a hospitalidade; abençoai aos que vos perseguem; abençoai, e não amaldiçoeis; alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram; sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altivas mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios aos vossos olhos; a ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas dignas, perante todos os homens.
Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens. Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira de Deus, porque está escrito: Minha é a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor. Antes, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber, porque, fazendo isto amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.”
Em Romanos 12, Paulo fala várias atitudes que devemos ter como cristãos (e igreja). Mas hoje, dentre todas, eu gostaria de destacar aquela que diz para chorarmos com os que choram, pois acredito que é uma das mais difíceis, pois não há maneira de mentir a seu respeito e não há como fingir sentir a dor do outro, sem de fato, senti-la.
Ao saber das vitórias de alguém que amamos, ou, algumas vezes, de pessoas que, sequer conhecemos, por vezes, sentimo-nos alegres, mas, e quando e outro sofre, por que é tão difícil nos deixar afetar? Há quem diga que é porque a violência já se tornou rotineira e o sofrimento um tipo de entretenimento televisivo, mas a verdade é que não conseguimos amar o próximo.
Falta-nos amor e por isso é tão difícil sentir a dor, porque a dor de quem amamos facilmente nos atinge. Se nosso filho se corta, nosso coração fica em pedaços enquanto ele chora e fazemos o curativo. Mas não sentimos nada quando vemos uma criança pedindo comida no sinal. Porque não é nosso. Porque não amamos. Por isso não nos afeta! A falta de amor chega a tal ponto que hoje me deparei com alguém que disse que o ano de 2020 não havia sido um ano difícil.
E quando questionada, a pessoa respondeu que o ano não havia sido difícil, pois a mesma havia conseguido bater todas as suas metas. Mas o mundo não se importa com as metas de ninguém! Aqueles 858.661 (e contando) corpos que perderam a vida por causa da Covid-19 não se importam com metas batidas.
Todas estas 858.661 famílias enlutadas e chorando não se importam com aqueles que bateram as suas metas. Elas não precisam de metas. Elas precisam de amor. Elas precisam de pessoas se chorem com elas. Que estejam ao seu lado (mesmo que distantes). Que orem por eles.
O mundo costuma chamar de “empatia”, como sendo o ato de colocar-se no lugar do outro a fim de sentir o que ele sente. A Bíblia chama de amor. Ao amar o outro, facilmente conseguiremos nos colocar no lugar do outro, sentir a sua dor e chorar com todos aqueles que choram.
Por isso, antes de abrir a boca para falar que o ano não foi fácil, lembre-se de todos os que choraram, e chore com eles e por eles. Ame-os. Ore por cada um deles. E então, se ainda achar necessário, torne a abrir novamente a boca.
